UM SOPRO IMPROVÁVEL
Senti uma brisa suave, era como o teu sopro.
Acariciou-me a face, estimulou meus desejos.
Volúpias inarráveis voltaram-me à mente,
Até o teu cheiro, teu perfume doce de fêmea.
Nossos incontáveis devaneios sórdidos,
Sem culpa, sem remorso, nem mágoa,
Mostrou-me o vazio deixado aqui dentro,
Um sentimento, uma dor, sofrimento infindo!
Uma pergunta também me veio, onde estás?
Saudade imensa invadiu-me, como amenizar?
Quisera ter respostas, mas, sem a tua presença,
Nenhuma solução é viável, nada me conforta!
Lembranças são uma grande tortura, martírio!
Choro o choro dos desiludidos, dos desenganados,
Morrer seria um alívio, mas não a solução.
Como uma alma penada que, ao ser despertada
Por um sopro improvável, vagueia pelas noites
Nas estradas da vida a te buscar. Sem rumo certo,
Vive perdida, confusa e só encontra a solidão.
Não pensei jamais que este amor insano ressuscitasse,
Bastou um leve sopro para levantar do túmulo, forte,
Impetuoso, mas submisso, idólatra de ídolo decaído.
Coisas insanas, próprias de nosso insano coração,
Que se entrega a qualquer uma que pouco lhe dá,
Que pouco lhe quer, mas, apesar de tudo, ainda chora,
Ainda clama, implora, por um amor desprezível!
Tantas encruzilhadas me deixaram cada vez mais perdido,
E, assim concluí que jamais a encontrarei, busca inútil!
Hoje, retorno dessa viagem insólita, mais forte,
Mais confiante e decidido a enterrá-la de vez
Nas profundezas da minha alma, onde nem mesmo eu
Poderei novamente encontrá-la.
Decreto o seu fim.
É o fim.
Fim ...
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Imagem: Pichabay
Música: Noches de White - Músicas andinas