REQUIEM AETERNAM
(Descanso eterno)
Outra vez anoiteceu!
Saio nesta noite sem destino,
Se encontrar alguém, apenas aconteceu,
Levo a vida com vagar, sem desatino!
Amores são coisas do passado,
Suas marcas inda trago no peito,
De idas e vindas, me sinto cansado,
Por isso sigo sozinho, curado, refeito!
Ando de bar em bar, um espectro ser,
Relembrando velhas canções.
Ouço ainda meu violão a gemer,
O solo, o cantar dos belos refrões.
Relembro aquela roda de samba,
Pandeiros, cavaquinhos, violões,
Nesta arte sempre fui um bamba.
Sons nascidos de sofridos corações.
As lembranças são agudos sofrimentos!
As decepções estampadas no meu rosto,
São as marcas de profundos sentimentos,
Refletem as dores que senti. Só desgosto!
À minha memória, deixei minha obra eternizada.
A minha voz o vento levou. Virou pó o meu templo.
O meu sorriso, quem há de se lembrar? Não fui nada!
De cá onde estou, sem mágoas, a tudo isto contemplo.
Música: Abismo de Rosas de Américo Jacomino (Canhoto) Execução: Raphael Rabello
Foto: Autor desconhecido