Saavedra Valentim

Manifestações da alma

Textos


APELO
 
 
Ao apelo do meu ego,
Sempre me rendi, me entreguei
E deixei meus sonhos me levarem.
Sai porta afora, rodei mundo,
E cheguei ao mesmo lugar
Vazio como fui, nada levei,
Nada trouxe, viagem fútil, leviana.
Fui aos confins de mim,
Cheguei a sair de mim,
Na expansão da minha consciência,
Caí no nada, sensação estranha,
Descobri a minha inexistência.
Além de mim, o vácuo completo,
Só sombras, o silêncio absoluto,
O seu silêncio, o seu amargor,
Profanando o meu eu de vaidades!
Sou estrela sem luz, um sol morto,
A vagar por um universo paralelo,
Pelo infinito do meu ser em desalinho.
Chuvas de meteoros, amores efêmeros,
Dizimaram o meu mundo, agora só caos!
Pós de mim enegrecem minha atmosfera combalida.
Sem luz, ou calor, sou um astro gélido.
Meu satélite mostrou-me seu lado escuro,
Escondeu-me sua face brilhante,
Que controlava minhas marés,
Minhas ondas de emoções,
Os meus terremotos, sempre tão intensos,
Reações profusas, explosões incontidas,
Originadas nas minhas profundezas,
Que sacudiam minha superfície
E me faziam sentir vivo, completo, emocional!
Hoje uma crosta gelada, sem tremores, sem vida,
Aguardo nova efervescência, outra ebulição,
A expelir lavas e refazer a minha superfície,
Trazendo novamente a essência da vida.
Apelo ao Senhor de todos os mundos:
Permita-me voltar a ver o meu mar revolto,
Meus vulcões ativos, minha atmosfera límpida,
Minha lua brilhante na minha órbita,
Meu sol vivo, a me iluminar, a me aquecer,
Sem novas colisões, sem as sensações do fim.
Sem fim...



 
Imagem: Google
Música: Dust in the wind 
 
Saavedra Valentim
Enviado por Saavedra Valentim em 20/09/2013
Alterado em 11/09/2020


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