Saavedra Valentim

Manifestações da alma

Textos


Um ser plural
 
Não posso ser como queres,
Se sou um ser cheio de vontades incontidas, indomadas;
Não posso pensar como desejas,
Se penso diferente, em diferentes momentos.
Não me exijas calar-me,
Se idéias borbulham em minha mente,
E explodem em minha língua.
E não me peças para acalmar meu ímpeto,
Se não controlo minhas emoções.
No máximo, permito-me sonhar um sonho por vez,
Falar uma palavra por vez,
Me dar de uma só vez, a cada vez,
Toda vez, incontáveis vezes.
Pois não sou único, sou plural,
Penso de mil maneiras à minha maneira,
Em cada momento, pois o momento é único,
Não é inteiro, é só parte do tempo.
Sou multicelular, me divido, me diversifico,
E multiplico os meus conceitos,as  minhas razões.
Me expando visto que sou multidimensional,
Porque não me fixo, estarei sempre aqui, acolá,
Muito além, além de mim mesmo.
Às vezes sigo meus próprios passos,
Que nem sempre me conduzem aonde quero estar,
Mas sempre me encontro lá,
Onde nunca fico mais que um breve tempo.
Te contenta, então, com minhas breves ternuras, amarguras,
Minhas vidas cheias de vazios, minhas mortes cheias de vida,
 Porque saberei suportar esses plurais, pois não viverei uma única vez
E não morrerei de uma só vez.  
Então me deixes com minhas eternas e múltiplas loucuras.
 
Música: The soud of silence - Autor:: Paul Simon - Por Richard Clayderman
Saavedra Valentim
Enviado por Saavedra Valentim em 09/02/2012
Alterado em 11/09/2020
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