CAMINHEIRO ERRANTE
Caminhei ao longo das vidas,
Como os andarilhos a vagar sozinhos.
Desde as minhas partidas
Me perdi pelos caminhos,
Tal uma nau à deriva.
Dificuldades a percepção aviva.
Como um velho marinheiro,
Busquei no céu a estrela mais brilhante,
Minha guia nesta vida errante.
Segui teu brilho, meu conselheiro!
Caminhei na trilha, achei o norte,
Te encontrar foi pura sorte!
Tantas vidas já vivi!
Se é que as vivi, nelas nunca te vi.
Rumei para todos os cantos, aqui e ali
Deste mundo sem fim, buscando a ti.
Rumei para o norte,
Te encontrar foi pura sorte!
Todo esse tempo, pensei caminhar só,
Vagueando como uma alma vadia,
Na esperança de te encontrar um dia.
Implorei a todos os santos tivessem dó,
Sonho, paixão, talvez amor reprimido,
Sofrimento intenso de um coração premido.
Minha luz brilhante! De repente sumiste, não mais te via.
Ansioso, perdido, confuso, te buscava,
Tal um caminheiro errante, passei a andar no claro do dia.
Percebi então que só brilhavas à noite, teus olhos a luz ofuscava.
Eras da noite, do espaço infinito. Nasceste para brilhar!
Como a lua, a ninguém pertencias. Vivias com todos a flertar.
Consciente que ao fim da trilha cheguei,
Frustrado, alma dorida, a derrota aceitei.
Sem minha guia, rodei estradas, errei o caminho,
Tal uma ave sem rumo, que perdeu o seu ninho.
Sem lágrimas, nenhum lamento, levantei vela.
Coração revolto, mar calmo, um leve vento, sopro dela.
Refletindo sobre toda esta caminhada, percebo agora,
Rodei mundo pelo amor verdadeiro e o achei bem aqui dentro,
Como a mulher que traz no ventre seu rebento,
Vi claramente, ele nunca esteve lá fora.